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Novo Império divulga enredo sobre a vida boêmia de pontos importantes da Capital e anuncia concurso de samba-enredo
Publicado em 04 de abril de 2024 às 01:32
Novo Império divulga enredo sobre a vida boêmia de pontos importantes da Capital e anuncia concurso de samba-enredo O ganhador do concurso, além de ter seu samba cantado na avenida, vai levar para casa o valor de R$5 mil Divulgação/ Novo Império

Fala resenheiros de plantão!

 

No próximo ano, a Novo Império apresenta o enredo com o título: “As voltas que a vida dá!”, de concepção do carnavalesco Osvaldo Garcia. O tema abordará a vida noturna e boêmia da cidade de Vitória, interpretando-a como um elemento propiciador de histórias, folclore e cultura; e dará luz à importância da mesma no cotidiano e formação identitária da cidade.

 

A noite, momento em que o entretenimento ganha vida e a vida dá suas voltas, é um baú que comporta lugares, personagens, mistérios e epopeias de trama e roupagem própria, sendo território fértil para a imaginação, mitologias, contos e confabulações que embebedam nosso imaginário. É esta noite a boemia que será representada no enredo.

 

Dos apostadores, intelectuais de mesas, malandros, cabrochas, cafeterias, prostitutas, bebuns, arruaceiros, tipos de ruas e outros mais.

 

“A narrativa será dinamizada em espaço-tempo e dividida em três setores. Tais setores serão representados por “voltas” conhecidas na cidade, que de forma física representam curvas mas que foram popularmente batizadas e usadas como ponto de referência. Em cada um deles, estabelecimentos e práticas noturnas serão representados, tendo uma referência espacial”, explicou o carnavalesco Osvaldo Garcia.

 

Sobre o tempo, cada setor também representará a década em que tais estabelecimentos atingiram seu apogeu e tiveram grande importância e destaque na engrenagem urbana da cidade.

 

Volta do Saldanha (anos de 1920): Neste setor será representada a boemia tradicional do início do século 20, tendo o Cassino Trianon [atual prédio do Saldanha] como ponto de partida. Vitória, até o final do século 19 (anos de 1800), estava imersa em um atraso econômico e urbano enorme, se aproximando muito mais de uma cidade dos tempos coloniais do que uma capital da região mais próspera do país. Para mudar tal realidade, os lucros advindos da economia cafeeira foram, em grande parte, destinados para uma política de remodelamento e modernização da cidade, que teve as metrópoles europeias como principal referência. Além de parques, escadarias e grandes avenidas, os cassinos, clubes e cafés ganharam destaque na nova composição urbana. Mais que  estabelecimentos, representavam um local de troca de ideias, promoção de culturas e palco de exibição das últimas tendências da moda. Lançar a sorte na roleta, uma boa conversa no café e os bailes de mascarados

dos novos clubes aristocráticos tornaram-se práticas do cotidiano da nova Vitória, mais moderna, saliente e imponente.




Foto: Divulgação/Novo Império 

 


Volta da Capixaba (anos de 1940): Pegar a área da Capixaba nos levará ao setor que abordará os bares e botequins, maiores representações da boemia de Vitória. Nos anos de 1940, a cidade, já estabelecida como uma grande capital, se aprontava para receber grandes empreendimentos e se projetava para o crescimento econômico. Os aterramentos possibilitaram uma considerável expansão urbana e com ela o surgimento de novos estabelecimentos. Para construir tudo isso, levas imigrantes chegaram à ilha e se juntaram aos trabalhadores que aqui já ocupavam os morros e alagados dos arredores da cidade. Visando entreter essa nova classe que crescia a cada ano, bares e botequins populares, daqueles de balcões disputados, estufas recheadas e funcionamento estendido pipocaram pela cidade. Britz bar, Bar Santos, Mar e Terra e Dominó são um dos exemplos. Os botequins, espaços extremamente democráticos e de alto clamor popular, fizeram sucesso através de sua aura acolhedora, entrando para a memória afetiva dos moradores, bem como para a história e construção da identidade de Vitória.

 

Volta do Caratoíra: Neste último setor, que representa o território em que a escola está localizada, de forma satírica e irreverente, será abordada a mais comum e oculta prática boêmia e da noite. O antes sítio Caratoíra também foi atingido pela “maioridade” da capital. Os pastos, animais e lavouras foram trocados pela ocupação desordenada e construção de casas e barracos para abrigar os filhos advindos do crescimento da cidade.

Entre o Centro e Santo Antônio, Caratoíra emergiu como um importante entreposto e, além das pensões que por lá emergiram, na sua “volta”, surgiram os mais polêmicos e agitados estabelecimentos possíveis: “pensões alegres”, “casas coloridas” ou apenas, “prostíbulos”! Eles colocaram a região na rota da cidade, como um importante polo daqueles que procuravam divertimento, de qualquer tipo e a qualquer hora do dia. As “pensões alegres”, como eram relatadas em páginas policiais, eram, em sua maioria, coordenadas por mulheres, comumente de idade mais avançada, que com imponência feminina rara para a época, enfrentavam a desordem e os desordeiros e ajudavam a fazer de Caratória a mais importante região do meretrício capixaba.

 

Vale ressaltar ainda que a escola do Caratoíra abre nas próximas semanas o concurso de samba-enredo, o ganhador, além de ter seu samba cantado na avenida, vai levar para casa o valor de R$5 mil. Mais informações sobre o concurso serão divulgadas nas redes socias da agremiação.

Por: Edu Coutinho

Edu Coutinho

Edu coutinho é o idealizador do Portal Resenhando e colunista principal

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